quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Ver a vida


Texto feito em dez minutos, durante a aula de português e que pretende ser algo como um diário de leitura.

Eliane Brum educou meu olhar, me fez olhar pra vida que ninguém vê. A vida de pessoas que passam diariamente diante de nossos olhos e sequer notamos ou, se notamos e não é uma realidade confortável, fingimos não ver.

O insulfilm do carro nos protege dos olhares externos, do olhar da criança que pede dinheiro nos faróis da cidade. Com o tempo, embrutecemos e até parece que criamos essa película enegrecida nos olhos para nos proteger daquilo que não comvém ver.

Presos na redação, os jornalistas não podem ver o mundo, é na rua que o mundo acontece. Para fazer uma boa reportagem é preciso ver. Ver indivíduos em meio a uma multidão, ver o que acontece ao redor, ver mais do que é dito em palavras, interpretar os silêncios, observar reações e expressões.

Ao ler A Vida que Ninguém Vê eu ria e chorava no ônibus, como uma imbecial. Mas protegida pela sensação de não ser percebida, pois também a minha é uma vida que ninguém vê.