sábado, 11 de julho de 2009

Toca aí!

Duas dicas para enriquecer sua pasta "Minhas Músicas" e tornar a vida mais gostosa

A primeiríssima dica é o delicioso Pelo Sabor do Gesto, novo trabalho de Zélia Duncan. Com a produção dividida entre John Ulhoa e Beto Vilares, esse é, sem dúvidas, o melhor álbum da cantora.
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Depois de seis anos sem lançar álbuns com músicas inéditas, Lenine retornou em 2008
lançando o Labiata, minha segunda dica. A genialidade do músico está presente não apenas nas letras, mas também nos arranjos ousados em todas as 11 faixas do cd.
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Baixem, ouçam e depois me digam o que acharam.
Aguardem novas sugestões!

sábado, 4 de julho de 2009

Mart'nália e Juliana Koch cantam "Angola"

Noite de 2 de julho de 2009, quinta-feira. Sesc Pompeia, zona oeste de São Paulo.

Depois de pular, cantar e (tentar) sambar muito no maravilhoso show da Mart'nália, fomos - Bru, Dane, Dê, Flá, Ju P., João, Ké e eu - para a fila do camarim. Estávamos todos maravilhados.

A espera não foi longa, logo chegou nossa vez de falar com a cantora. Uma galera que estava lá entrou atropelando, o que impediu o casal Ju e João de entrarem com o resto da turma. Fiquei bastante brava.

Durante o show havia pedido à Dê que gritasse "Angola", uma das minhas músicas favoritas, porque eu já estava levemente sem voz. Simpática, Mart'nália respondeu que não podia cantá-la, e sugeriu que eu voltasse na sexta-feira.

Quando chegamos ao camarim eu disse à Mart'nália que tinha adorado o show, coisa e tal. Daí comentei: "nada de cantar 'Angola' amanhã", explicando que eu ficaria muito frustrada já que não havia mais ingressos pro dia seguinte. E soltei, meio que de brincadeira, um "canta agora...".

Ela então começou: "De onde vem meu povo/ terra do homem novo/ minha nação Banto Zumbi". Continuei: "Cheiro de jinsaba, nos sons do meu perfume". E seguimos em dueto até o fim da música, com direito a passinhos e gestos.

Ao final, aplausos dos amigos e uns outros do camarim. Meu rosto vermelho, sorriso enorme, do tamanho da satisfação. Enfim, vai ficar guardado na minha memória. Foi um momento incrível.

Abaixo segue uma sequência de fotos, pra ninguém dizer que estou mentindo.



O texto sobre o show será publicado em breve.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Luizinho muito além das 7 cordas

Um perfil do maior violonista de 7 cordas do País.

Um sobrado pequeno no bairro Vila Mariana, em São Paulo. Muita gente rindo e falando alto, alguns não são da família. Partituras espalhadas sobre a mesa. Violões no canto. Uma típica casa de artista boêmio. O dono dessa casa é Luiz Araújo Amorim, o Luizinho 7 Cordas.

Não mais alto que 1,70. Calça, camiseta e blusa largas, roupa de ficar em casa mesmo. Tampando a cabeça quase careca, mas esbranquiçada, um boné vermelho parecido com aqueles que se ganham em tempos de eleição. Sem muita timidez, apresenta todos os presentes, não esquecendo papagaio, cachorros ou filhos. Senta-se à mesa e começa a contar a vida com jeito de quem a canta.

Nasceu em 31 de outubro de 1946, Dia das Bruxas, mas Luizinho é brasileiro demais e não cita, não faz brincadeira disso. Ainda aos oito meses de idade mudou-se de sua cidade-natal, Marília, para Santos. Sua infância foi feliz, de moleque do morro que jogava bola. Diferente dos outros garotos tinha só um gosto estranho, de ficar até bem tarde num canto quando o pai levava os amigos pra casa, pra ensaiar.

Seu Bráulio era tocador de cavaquinho e violão num grupo regional bastante conhecido de Santos, o Estrela de Ouro. O menino Luiz passava horas a observar o pai feirante junto daqueles trabalhadores que se reuniam por diversão para tocar sambas e choros. E o gosto dele era tão grande que, aos seis anos, as mãos pequenas já faziam tentativas nas quatro cordas do cavaquinho, o único instrumento que conseguia carregar sendo tão novo.

Aconselhado pelos amigos de grupo, seu Bráulio não deixou mais Luizinho tocar no meio dos rapazes, disse a ele que deveria estudar. Assim o garoto ingressou no conservatório musical. Passou do cavaquinho ao violão. Estudou música erudita, mas nunca deixou de tocar as canções populares com as quais cresceu. Foi ouvindo Maurici Moura no rádio que descobriu o violão de 7 cordas.

Aluno de Dino 7 Cordas, o grande mestre do instrumento no Brasil, Luizinho já sentia-se bem para tocar com o Estrela de Ouro novamente. Não só tocava como corrigia, guiava os rapazes. Surpreendeu-os então com seu Di Giorgio adaptado, era apenas uma corda a mais no violão, mas transformou a música do garoto, mudou os rumos da sua vida. O convívio com os artistas pode ter sido musicalmente benéfico, mas a saúde do já adolescente Luiz não andava bem.

Aos doze anos, com a mesma mão que dedilhava o violão virava garrafas de cachaça. O menino começou a beber por acreditar no que diziam os adultos, que fulano tocava bem porque bebia bastante. Foi inchando, a pele começou a brilhar e, então, o pai percebeu. Levou Luizinho ao médico, que brigou, disse pra ele escolher entre beber e ficar vivo. Ficou com a segunda opção.

Tido como seu sucessor pelo próprio Dino 7 Cordas, Luizinho recebeu por herança o apelido, além do reconhecimento como melhor violonista de 7 cordas do País. Acompanhou artistas consagrados como Alcione, Elizeth Cardoso, Clara Nunes, Demônios da Garoa e Martinho da Vila. Viajou muito, mas só deixou de morar na cidade de Santos em 1997, por causa do apego à mãe.

Apego, aliás, é uma das características mais fortes de Luizinho 7 Cordas. O visível apego ao morro, lugar de efervescência cultural. Apego ao pai, que mesmo aos 63 anos chama de “papai”. Apego ao choro e ao samba de sua época, que o faz criticar Maria Rita e outras “bonitinhas que não são do samba”. Apego à cantora Fabiana Cozza, a qual trata como filha. Apego ao Dino e ao Rafael Rabello, cuja lembrança da morte traz lágrimas aos olhos do chorão. Embarga a voz que não foi feita pra cantar.

O entra e sai na casa de Luizinho 7 Cordas diz muito sobre ele. A porta não fica fechada. Todos que entram são acolhidos calorosamente. Os que saem não dizem “adeus” e sim “até logo”. Quem vê a casa, nota música em cada parede, cada canto. Não é preciso credencial para ouvi-lo, ele simplesmente quer falar, quer tocar. E toca com um prazer, com um olhar tão aconchegante que, diante dele, é possível sentir-se em casa.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Nos bastidores

Os bastidores da entrevista exclusiva com Luizinho 7 Cordas, considerado a maior referência do instrumento no Brasil.

12 de abril de 2009, em plena Páscoa. Auditório do Ibirapuera. Espetáculo “Fabianíssima: um tributo à Elizeth Cardoso”, no qual Fabiana Cozza interpreta canções eternizadas pela divina. Convidado especial: Luizinho 7 Cordas. Entre outras músicas, Todo Sentimento, música de Chico Buarque e Cristóvão Bastos. A habilidade do violonista de 7 cordas impressiona. Enquanto toca belissimamente, afina o instrumento. Público e artistas emocionados. Muitos aplausos. Após o show, fomos – um grupo de amigas e eu – até o camarim, onde conheci meu perfilado.

Desde o início percebi em Luizinho 7 Cordas um jeito amável de lidar com as pessoas. Muito simpático, passou para nós o número de seu celular. Eu não imaginava que precisaria de um perfilado, mas logo que soube, o nome dele me veio à cabeça. Então liguei. Fora alguns desencontros, conseguimos nos comunicar muito bem e marcamos uma entrevista na casa dele, numa quinta-feira.

Como relatei no perfil, ele foi muito receptivo. Falava como quem não tivesse nada a esconder, olhava nos olhos. Por alguma razão, achei sua casa bastante representativa de sua personalidade, então coloquei meu foco nisso. Luizinho é uma pessoa guiada pelo amor, ou melhor ainda, pelo apego às coisas e pessoas. Sinto que ele poderia estar em melhor condição financeira se tivesse seguido outros caminhos mais rentáveis, mas é um homem realizado, que gosta de marcar o valor da família e da música.

Diante dele, senti-me à vontade. O nervoso antecedeu a entrevista. Não há muitas coisas disponíveis sobre ele, a não ser uns poucos vídeos e alguns verbetes na Internet. Fiquei com medo de estar mal preparada ou pior, de me envolver enquanto fã.

Felizmente, nada disso se concretizou. Por diversas vezes cheguei a quase esquecer que aquilo era uma entrevista e não uma conversa entre amigos. Consegui fazer as perguntas do roteiro como se surgissem espontaneamente, e fui além delas porque ele foi além das respostas engessadas. Talvez esse tenha sido o canal para nossa comunicação e tornou tudo mais fácil.

Luizinho tocou, cantou, se emocionou. E eu ali, era o meu momento.

Por mais que eu tenha tentado passar todas as minhas sensações e as dele no perfil que escrevi, acho que jamais conseguirei. Foi intenso pra mim, no primeiro semestre da faculdade, entrevistar alguém com tanta história pra contar, cara-cara, sem hierarquias nem protocolos.

O referido perfil será publicado amanhã, dia 03 de julho de 2009.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

#forasarney é um fiasco fora do Twitter

O ato público marcado para essa quarta-feira (01) em frente ao MASP foi vergonhoso.
Organizada via Twitter, a manifestação do #forasarney em São Paulo não contou com mais de 50 pessoas (pelo menos até as 19h30, horário que o movimento dava sinais de término). Liderados pelo VJ da MTV, Felipe Solari, o grupo se deslocou do vão livre do MASP até o Parque Trianon, ou seja, atravessou do lado esquerdo para o direito da Avenida Paulista, com o sinal verde para pedestres.

Na noite da última segunda-feira o grupo intitulado "Piratas" (@twipiratas), formado por algumas celebridades, incentivou o uso da tag "#forasarney" a fim de fazê-la figurar no Trending Topics. O objetivo foi alcançado, mas ficou clara a falta de bom-senso dos organizadores, que se entusiasmaram mais com a audiência que obtiveram do que com a causa em si.

Salvo todos os exageros, ao menos para comprovar a força do movimento na internet o Trending Topics serviu, o que levava a crer que o ato público seria bem-sucedido. Então qual a causa do fiasco de hoje? Bom, provavelmente a notícia de renúncia do coronel, digo, senador. Segundo alguns twitteiros, o fracasso não foi apenas em São Paulo , mas também em Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília, Recife e Porto Alegre.

Por volta das 20h20 o twitter dos "piratas" anunciava a chegada de Rafinha Bastos (do CQC) ao MASP, disseram ainda que a manifestação chegou a contar com cerca de 100 pessoas. Infelizmente, o Sapato Sujo não pode comprovar tais informações, pois já não estava presente.


Paulo Pacheco (Letras Escapadas) e Juliana Koch (Sapato Sujo) abordados pelo "pirata" Felipe Solari

(foto publicada no twitter @felipesolari)